Não sei como explicar o passar do tempo, a forma como o enfrento e pareço ainda criança, vestido num corpo de homem de meia-idade, a tombar para uma descida abrupta de capacidades. Ainda me vejo por dentro, como se fosse um rebento acabado de brotar do ramo verde da vida, e já a vida trata de me lembrar que a madeira cresceu, o ramo verdejou e maturou no tronco que agora sou. A mente olha para o passar dos dias duma forma diversa, o oxigénio que nos dá vida, mata o corpo lentamente, nesse veneno e nem nos apercebemos que vamos envelhecendo.
O que me resguarda a desilusão, de não ser hoje como um primeiro verão, é saber que a alma se propaga, não se confinando à mente, ao corpo e ao espaço físico deste tempo, entediante e curto que nos dá apenas um simples fôlego de vida antes de no-la tirar duma forma definitiva. Espero e creio, poder a energia que meu corpo anima, ser reciclável e transmutável, passando por entre os grilhões da realidade e atingindo outras dimensões para lá dos limites e imensidões.


1 comentário:

LuNa disse...

Pois é, mesmo que no nosso interior ainda nos sentimos jovens, a vida no seu dia a dia, vem por momentos nos abanar o tronco para que não esqueçamos que os anos vão passando e que todas as tempestades que atravessamos ao longo destes, o foram fragilizando.

Por vezes encontramos nos sentires de outros, o nosso próprio sentir.
...é sempre um prazer aqui pousar.

Beijinho

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