É
difusa a forma como me vejo no futuro, não percebo se vou
enlouquecer a partir daqui, ou se vou perder-me da vida num
determinado momento do caminho. Há demasiadas inflexões no meu
espírito, demasiados conflitos e dicotomias que separam os meus
sentidos, começo a perder o equilíbrio, e a alma sente a vertigem
de quem percebe que vai caindo, sem conseguir a verticalidade.
Haverá
ainda sentidos que resistam à constante batalha contra os elementos,
idiossincrasias e demais estados de emocionais das multidões, que
consomem à velocidade do pensamento, vorazmente, toda e qualquer
sensação que se lhes
oferece?
Não sei! Por vezes é oco o corpo, é vazia a alma e desprovido de
sentimento o lamento que em agonia desprendo num suspiro profundo,
vindo de dentro.
Estou
exausto, desgastado pelo tempo, envelhecido pelo vento, com cheiro de
sangue, que me queima e seca a pele das mãos enquanto escrevo. Já
não me encontro objectivo, motivo ou vontade de levar por diante o
esforço da composição, da construção ou, da ilusão de pintar em
folhas brancas cenários encantados, que de envelhecidos ficam
amarelados e putrefactos no esquecimento dos anos.
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