Já não encontro em mim o silêncio necessário para me fazer ouvir. Preciso de calar este ruído avulso que ecoa como grito na caverna vazia de gente, mas tão povoada de demónios, que atormentam as palavras que não escrevo. O rumo depende de que lado sopra o vento, e o barco navega em direcção a desconhecidas paragens. Gostava de saber o destino da palavras, o que elas fazem emergir nos que as entendem e que ecos provocam nos que apenas as lêem. Gostava de ter a percepção do tempo, não como algo que se esgota, mas como linha contínua, sem dias nem calendários que se estende em ligeira curva pelo horizonte. Um dia poderei encontrar o começo do arco-íris, a fonte dos sonhos e a origem da música que organiza o universo em harmonia perfeita. Nesse dia terei descoberto o mecanismo da existência, e a essência daquilo que somos feitos. Aprenderei contigo, em cada sorriso, em cada detalhe que te descubro e serás a companhia que quero partilhar por todo o caminho até chegar. Anda, faz-me companhia, não apenas na alegria, mas também na agonia de descobrir e decifrar o que não entendo, só assim cessarei o meu lamento e farei da Noite, não um lugar escuro, mas uma aurora boreal que brilha incessantemente no teu altar.



1 comentário:

LuNa disse...

hoje tb é um dia desses...

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