O que é a vida senão uma sucessão de dias, um constante sonhar com paraísos distantes, uma esperança quase desconcertante de termos amanhã o que não conseguimos alcançar hoje. Mas, será a vida isto mesmo? Esta constante corrente que ora nos prende, ora nos impele a ir para a frente? Gostaria de pensar que viver é muito mais que almejar algo, que correr atrás de qualquer utopia inalcançável, mas parece-me que, cada vez mais, andamos todos atrás duma coisa qualquer que, a esta distância, já nem sabemos se é o nosso Olimpo, ou tão-somente esta necessidade visceral de ter mais, ser mais, ir mais longe, sem saber onde.
Para mim, viver deveria ser apenas respirar a brisa, olhar o horizonte e, aqui e ali, alimentar o corpo com o suficiente para a sua subsistência, ao invés de com a ganância de quem nunca nada lhe chega. Viver em comunhão com a Natureza, sem a futilidade da aparência, sem a mentira de conveniência. Caros amigos, já repararam no que estamos a perder pensando que estamos a ganhar? Um dia vamos querer libertar-nos desses grilhões que ao longo do tempo foram a nossa droga, o nosso vício, e, lamentavelmente, já não saberemos como os colocámos, nem como deles nos libertarmos.

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