Sinto
as palavras cansadas, já não se sentem nas pontas dos meus dedos,
estão exaustas das carícias, dos segredos. Esta incongruência que
pende do abismo da minha alma, é equilíbrio precário que em
qualquer instante perde o chão para cair no calvário. As asas,
cansadas de voos ausentes, de tantos nadas, de procuras incessantes,
de pesadelos constantes onde o sonho se perde na ambiguidade dos
quotidianos cheios de penas caídas, fazem dos dias frases perdidas,
que não se encaixam mais nos alfabetos obsoletos do meu mundo. Não
há alternativas, fugas ou desvios que preencham estes lugares
vazios, onde o tempo é tão eterno que não passa, onde o oco das
paredes desta casa é como casca frágil que se quebra aos primeiros
ventos frios da desilusão. Não perdi nada, não deixei de ter hoje
o que tinha ontem, não desisti, não abdiquei, apenas senti esse
gélido golpe dos dias, que por vezes me dilacera sem explicações,
sem argumentações, e me deixa morto no palco das minhas ilusões.
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