Eu sou a minha maior contradição, conheço muitos dos meus vícios, sei como contorná-los, mas não os evito porque me dão prazer, adição. De facto não difiro de outro qualquer viciado, também sou escravo de vontades proibidas, de sentidos que aportam à vida aquele arrepio que já quase nunca sentimos. A escrita é um momento inofensivo, de introspecção, eu diria. Mentira! Ela não é mais que uma forma de me sentir constantemente recordado, como se tivesse medo de ser esquecido pelo passado. Mas nada é duradouro, nem o Homem, nem o Mundo, quanto mais alguém que vive na dependência clara daquilo que faz os outros sentir. Será o meu prazer, dar prazer? Serei eu um adicto à prostituição da palavra no sentido de a troco dela dar prazer a outros? Ou será simplesmente uma questão de solidão, de incoerência, de desilusão, que me entrega permanentemente no mar de letras de todos os dias. Não sei, e confesso, ter até medo de descobrir, pois nenhum fumador quer na realidade encontrar a forma de deixar de fumar, porque esta é bem simples, basta não acender o próximo cigarro.

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