Sabes
aquela curva no caminho? Que parece que nos leva à encruzilhada com
a vida que segue paralela à nossa? Ela não tem o ângulo suficiente
para a intersecção, é tangencial a aproximação, mas seguirão
sempre sendo paralelas as vidas que por elas vão. É como os
universos, aqueles que apenas estão para lá do espelho onde te vês
todos os dias. São reflexos, lagos verticais de águas que não
escorrem, onde guardas as imagens que sonhas, e, mesmo à distância
dum vidro, não consegues transpor o corpo dorido para lá da
barreira cristalina que vos separa. Não há forma de contornar os
paralelismos da vida, são assim, existem e não encontram solução.
Mesmo quando cortamos as rectas e soldamos cruzamentos, saímos por
momentos na estrada onde outros já estão. Mas, ainda assim, tudo em
nós é balbúrdia, confusão, não destrinçamos naquela amálgama a
emoção que nos fez correr o risco de cortar com a nossa progressão.
Nem mesmo as palavras, aquelas com que lidamos todos os dias, que nos
parecem infinitas, desdobráveis, configuráveis em mil maneiras
diversas, até mesmo essas, nos limitam os cálculos, nos espartilham
os saltos, e acabamos caindo sobre a mesma estrada, sobre a mesma
recta, calcorreando o destino que já anteriormente trazíamos
traçado.
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