Precisarei
de viver mil vidas para conseguir entender o que move a cobiça, a
inveja e a malvadez. Não consigo perceber que, em troca de algumas
desgraças, uns poucos possam viver felizes prejudicando muitos. Não
consigo absorver a ideia de que derrubando o nosso semelhante,
possamos sentir gáudio. Teria de encarnar muitos corpos, observar
muitas guerras, e sentir na pele cada tiro de bala, cada flecha
disparada em direcção à morte, para perceber a que propósito, se
mata, se morre, por coisas sem qualquer substância. Mas, tudo é
válido hoje para seguir em frente, mais à frente, mais alto, mais
longe. Tudo é permitido nos tempos que correm, para ser melhor que o
vizinho do lado, ter mais posses, ter mais aparências. Mas,
convenhamos que nem tudo o que parece é, que nem tudo o que brilha é
bonito, nem tudo o que se possui é realmente nosso. É preciso tão
pouco para ser feliz, é necessário quase nada para sorrir, basta
que sejamos capazes de nos contentar com aquilo que a vida nos deu,
de assumirmos que não somos Deus, que tão-somente passamos por
aqui, durante um curto espaço de tempo, rumo a outro lugar. Por isso
não precisaremos de ser donos de nada, de derrotar aqueles que não
nos magoam, para pudermos ser líderes de algo que nem sequer é
nosso, como este planeta onde vivemos.
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