Há
muito que sei, que sinto que serei tão-somente semente, que de mim
nascerá apenas a esperança, que serei um pedaço do caminho, não
mais que isso. Não é fácil perceber, na hora de deixar partir, nem
o porquê de ter de ficar, nem, muito menos o ter de deixar. Mas sei
há muito que haverá sempre um tempo por vir, onde terei de ficar e
ver-te partir. Nestes momentos, apetece-me ser amigo do silêncio,
libertar os meus lamentos, deixar as lágrimas escorrer, só assim
consigo deixar-te partir, na chuva fria da despedida, no abraço
vazio de algo que nunca tendo sido, jamais voltará a ser. Eu
vejo-te, na distância que nos separa, a cada passo que te afasta,
como princesa encantada, sei que precisas seguir esta caminhada, a
outro amor abraçada, porque meus sentidos são filhos do vento, e o
meu tormento é ser apenas nada.
Os
meus instintos seguir-te-ão porque bebeste do meu espírito, e ele
corre agora solto nas veias do teu corpo, cobre algumas paredes da
tua alma e escorre-te na lágrima que chamas de saudade quando
sentires o frio do vazio que atrás deixaste.
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