A propósito da palavra, diria que esta é uma caixa onde guardamos sentidos, vontades e desejos. A palavra é oca quando não a preenchemos com o contexto que queremos, porque não sabemos, ou simplesmente porque não entendemos. Esta caixa vazia é selada e enviada em textos, em fantasias, em cartas, em lamentos, desembrulhados depois, sentidos ou simplesmente derramados por quem lê. Há tanto que se pode guardar em pequenas caixas, há tanto por descobrir em cada uma destas prendas que diariamente oferecemos. É preciso saber preencher esses vazios, encher de contextos os nossos textos, as nossas conversas. Perceber cada detalhe desse pequeno embrulho que é uma palavra escrita, dita, ou tão simplesmente sentida.
Neste mundo de palavras vãs, que importante é o detalhe que colocamos nas que usamos, a forma como nos exprimimos nesta era da comunicação, da globalização. Dar-lhes vida, retirá-las da monotonia de curtos discursos, ou do sofismo de longos argumentos políticos que apenas são engodos num mundo de gente que já não se ouve. Meus amigos, enfeitem as vossas palavras, vistam-nas de ternura, de sentido, de vontade, preencham essas caixas ocas, para que se acabe de uma só vez com o vazio, e possamos praticar aquilo que pregamos.

"No princípio era o Verbo [...]", João 1,1

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