Acontece-me desligar-me do mundo, ficar de olhos pregados no infinito, com a mente a vaguear pelo espaço vazio. Questiono-me para onde parto nesses momentos, porque deixo o corpo inerte, e apago todos os pensamentos? Não sei, há coisas em mim que não compreendo, que não entendo como acontecem e porque se desvanecem no minuto seguinte. Esta permanente necessidade de me abstrair do mundo real, pode representar a minha vontade de aqui não estar, de não achar que este seja meu lugar, ou, simplesmente de me parecer que não encaixo no momento específico em que me ausento. O facto é que notam que não estou, quando era mais jovem ninguém se apercebia destas fugas, mas agora, chamam-me e perguntam-me para onde fui, disfarço e respondo dizendo que estava a pensar, mas não estava sequer aqui, quanto mais a cogitar.
Por este motivo procuro espaços vazios, de gentes e de acontecimentos, onde ninguém me encontre imóvel, com olhar vidrado no horizonte, assim não terei de inventar qualquer desculpa para dar. Estas ausências mostram-me caminhos, lugares que faço depois reflectir nos pensamentos organizados da minha escrita, como se quisesse desenhá-los para que outros como eu pudessem comigo visitá-los. Parece uma contradição, querer estar só no meio da multidão.

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