Entrego-me à filosofia das horas que no seu compasso certo me levam para lá da realidade, do momento em que o corpo se prende à terra, mas o pensamento voa. Precisar do silêncio ou criá-lo no meio do ruído para poder escutar a voz da alma é uma necessidade de quem se entrega ao pensamento, à intuição dos sentidos que dispersos no espaço passam desapercebidos. A volatilidade das emoções é gritante, quando aquilo que nos deixa loucos de alegria, já é banal no momento que nos seguia. Quando a tristeza é apenas dos outros, e nos passa ao lado sem partilha, sem alívio, porque não é nossa cruz e cada um que carregue a sua, faz de nós chamas que se apagam quando o combustível da emoção acaba. Triste fado este, de ser tão breve quanto o segundo, triste desgraça a nossa que comparada com a de outros é mais profunda. Como chegamos ao limite de todos os limites, ao fim de uma estrada que não vai a lado nenhum? Chegamos lá porque perdemos o rumo, porque esquecemos o preceito de que não somos um, somos muitos e devemos funcionar como uma onda, que se levanta em conjunto, porque todos precisamos de todos, e quando menos se espera, um outro braço a aliviar o peso desta vida, já são muitos, e muitos fazemos de novo o mundo.

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