Nesta nova era, tenho dificuldade em sentir, nas gentes que compartilham comigo o espaço deste imenso globo, a sensibilidade da essência. Parece que a alma se lhes dissipou nos corpos, que os sonhos são apenas coisas que podemos comprar no dia seguinte numa loja qualquer, que a ambição é ser individualista e ser melhor que o vizinho, que o colega, que o amigo. O afastamento da natureza torna o Homem um ser fechado, isolado num mundo que perde a cada dia valores fundamentais como a amizade, o dar sem receber, a partilha de sentimentos e emoções. Há cada vez menos almas, que transcendem os sentidos do corpo e são capazes de olhar mais além e intuir, escutar as mensagens que pairam no ar, ouvir os pensamentos, adivinhar antes, a necessidade do próximo e estender-lhe a mão. Para onde caminhamos? Para o isolamento? Embora vivamos cada vez em comunidades maiores, somos cada vez mais uma ilha, rodeada de vazio, porque a ambição desmedida da materialização das nossas vontades, do consumismo não deixa espaço à amizade sincera e desinteressada, provocando um vácuo, que nos suga a alma e nos destrói a intuição. Perdemos o contacto com a mãe natureza, e, qualquer dia, já não saberemos voltar a casa, porque teremos já destruído tudo à nossa volta.