Não há um meu, um teu, há apenas um nosso, aquele pedaço de essência que nos faz tão iguais a nós próprios, como aos outros todos que connosco caminham. Não possuímos o que não criamos, e ainda assim, criar não é apenas dar vida, mas cuidar. Seremos de quem? Seremos nossos, ou de outros? A vida não se resume a posses, é feita de mil coisas diversas, algumas delas dispersas pelo caminho. Tantas vezes nos cruzamos com elas e não reparamos, deixamos escapar o momento e não sentimos como devíamos aquele instante belo, a plenitude de ser apenas, a ausência do peso que é deter algo. Seria tão mais fácil não ter nada, ser apenas vento, livre como a madrugada. Tão mais fácil brilharia o Sol se não fosse a constância de termos de seguir para um lado qualquer à hora “x”, de estarmos num determinado local porque alguém nos espera. Como seria tão mais fácil viver sem nada, na deriva do pensamento, na vontade de ser apenas a brisa que passa.

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