No limite abstracto dos meus sentidos deixo o corpo inflectir, soltando a alma no espaço ínfimo deste instante em que parto. Não fico, fechado neste lugar lúgrebe, não espero que chegue a hora de sair, vou, sem mais demorar para lá da extrema da realidade, cruzando o vácuo que serve de parede e impede o corpo de seguir, em frente.
Em espaço térreo deixo ficar os restos, despojos do que já não sou. O ar é o meu mundo, onde me sinto livre, onde me faço vivo. Queimo os sentidos que em pedaços de cinza se derramam num rasto de partida, num lamento de despedida.
Não olho atrás, porque não preciso sentir mais aquele ardor que provocava em mim a imensa dor de saber existir sem perceber porquê. Há neste silêncio que me toma nos braços, um etéreo momento de êxtase prolongado que faz de mim apenas luz, energia.